Literatura está intimamente relacionada com práticas sociais. Nesse sentido, propomos uma gama de correlações entre as diversas manifestações literárias e a sociedade contemporânea. Assim, buscaremos no espaço social elementos que interajam diretamente com a arte literária.

Dessa forma, este blog objetiva analisar e expor elementos da realidade social, fazendo um contra ponto com a literatura e seus modos de encarar a realidade e a cultura das diversas épocas da sociedade.

Esperamos de você leitor a interação e a sugestão de novos temas, a discordância ou a concordância com as críticas aqui relacionadas, tendo em vista que pensar em Literatura não é apenas propor teorias literárias, mas sim promover a crítica à sociedade, tentando encontrar elementos que sejam favoraveis ou não à nossa formação enquanto leitores e apreciadores de leitura e cultura. Assim, este espaço é destinado aos professores de Língua Portuguesa e Literaturas, graduandos de Letras, alunos do nível médio e ao público que gosta de uma leitura crítica acerca dos assuntos que envolvam a sociedade.

Boas leituras!

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Mulheres do século XVIII e mulheres do século XXI : Os tempos mudaram



O Romantismo foi um movimento literário que teve início no século XVIII e durou aproximadamente 40 anos. Esse movimento tinha como principais características: negação à estética Clássica (Antiguidade) e Neoclássica, culto às razões do coração e a rebeldia individual, adoção de heróis, criação como impulso, subjetivismo e valorização do eu, representação da realidade interior, primado dos sentimentos, ênfase no primeiro amor e na pureza feminina, valores burgueses.


 FONTE:http://anamoris.blogspot.co2010/05/e-durante-o-seculo-xviii-que-as.html
                                                                         
  
Tendo em vista que os valores burgueses ditavam regras no contexto social e por consequência norteavam a escrita dos  romances de folhetins, as histórias apresentavam o mito do primeiro amor, a valorização dos valores burgueses, o primado pelos sentimentos, a pureza feminina e sua atuação no contexto social. Nota-se através dos romances, A Moreninha, de Joaquim Manoel de Macedo, A Viuvinha e Senhora, de José de Alencar, por exemplo, que essas mulheres eram criadas para atender a expectativa de uma sociedade que primava por valores como família e casamento. As mulheres eram recatadas no modo de vestir, de falar, de se comportar à mesa, tinham problemas como todo e qualquer ser humano, mas a sua essência de idealização se mantinha acima de todo e qualquer defeito, ela era pura e virgem, sinônimo de candura e beleza. No entanto, as que passassem dessa caracterização, eram “mulheres de vida fácil” e serviam apenas para o divertimento dos homens.

O Romantismo, de certa forma, escondeu as mazelas da sociedade para agradar ao público alvo dos seus romances, as mulheres, público que se mostrava muito forte no século XVIII quanto à leitura de folhetins.

Hoje, século XXI, essa idealização de mulher perfeita existe, mas não está atrelada ao movimento literário do Romantismo, está ligada à imposição da Mídia. A mulher deve ser bela, ter traços faciais delicados como os de modelo, deve ter cabelo liso, ser obcecada por cremes anticelulite e antiestrias, dietas mágicas, ter um corpo com silhueta bem marcada, deve ter silicone e, principalmente, para ficar bonita, precisa ir ao cabeleireiro pelo menos três vezes por semana. 


http://preview.canstockphoto.com/canstock3691370.png

Além dessa imposição e padronização para o novo modo de ser mulher, a Mídia encarregou-se de vulgarizar a imagem feminina através de personagens de novela, como por exemplo, a “Bibi” da novela Insensato Coração, fútil no modo de pensar e agir, “pegadora” e desesperada por homem, personagens de comerciais de cerveja, de sandálias, até mesmo de Postos de gasolina como, por exemplo, a nova propaganda dos postos Ipiranga. As mulheres perderam seu posto de delicadeza, fidelidade, de mãe, de protetora, dona do lar, simplicidade, elegância e requinte para assumir, na maioria delas, o posto de troféus dos homens, a exemplo das “Maria Chuteiras”, enfeites de programas de auditório, adeptas do top, da mini saia e do salto 15. Infelizmente, esse é o modelo que a mídia quer incutir, e já conseguiu, na maioria dos casos, propor para a sociedade.
 
 
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmds0MIlS5_VEUXr9RWF6cOOd0mMW7tgXPxMFfpGxCEkmqQNyfsERh3N5JHIzoI7Vx20E0O7Ze4pZa8K6gNQ-T-d3qRjitTcY_RXfy1WGHmp12DfIL4tRidhLWv8JBnGAaeNLaJ4ULKpA/s1600/cerveja.jpg


Vejamos um vídeo sobre a temática:


FONTE: http://youtu.be/p7AZzb1IZl0

Portanto, se levarmos em consideração a comparação das mulheres deste século com as mulheres do século XVIII, veremos que na verdade o que a maioria delas quer é aparecer na Mídia e sobressair-se em relação aos homens, e nessa eterna competição o que mais interessa é curtir a vida. 

A sociedade moderna: livros impressos e digitais


No início do século XX, inicia-se no Brasil um novo movimento literário, chamado Modernismo. Esse movimento é considerado como uma renovação singular na literatura brasileira, tanto no âmbito estético quanto na linguagem, rompendo com as principais tendências tradicionais literárias. As principais características do Modernismo estão associadas ao pensamento moderno de fazer e expressar a literatura e a arte.  

     
                                                   FONTE: http://modernismonobrasil.blogspot.com/ 

 Assim, esse movimento é marcado pelo conceito de renovação, por manifestar as peculiaridades dos contextos sociais e políticas da sociedade brasileira, tornando-se uma expressão viva e autêntica.    
    
Na sociedade contemporânea, a vida do homem é caracterizada pela praticidade e agilidade, devido às mudanças do contexto social e cultural.  Nesse âmbito, a tecnologia e seus avanços são responsáveis por influenciar e, consequentemente, transcrever a sociedade do século XXI.  Dessa maneira, percebemos as características essenciais do Modernismo na ruptura entre os livros impressos e digitais

As Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’S) são as principais ferramentas que estão influenciando a nova maneira de arquivar (biblioteca digital) e publicar livros (E-books). Diante disso, as TIC’s revelam os novos hábitos e costumes do homem moderno. Assim, a característica do pensamento moderno e a influência da renovação tecnológica estão construindo e moldando a nossa sociedade.


FONTE: http://www.faberludens.com.br/pt-br/node/4818

O prazer de folhear e ler os livros impressos jamais será ultrapassado pelos livros digitais, pois o leitor cria uma relação “afetiva” não só com o texto (conteúdo), mas com o objeto. No entanto, os livros digitais apresentam uma praticidade cada vez mais exigida em nosso meio social como, por exemplo, a portabilidade, o fácil acesso, o baixo custo e, além disso, a capacidade de armazenamento. Portanto, cabe ao leitor escolher a melhor maneira de ler, o importante nesse contexto é a leitura como prática social.

Um vídeo para refletir sobre as TIC's.

FONTE: http://youtu.be/DZmC4Lb1CFE


Marcas do Trovadorismo na Atualidade?


O trovadorismo foi a primeira Escola Literária portuguesa. No plano da poesia estão as Cantigas; na prosa, as Novelas de Cavalaria. A cultura trovadoresca é o reflexo de todo o contexto histórico do período em que Portugal começava a firmar-se como reino independente, a partir do séc. XII: as Cruzadas, o Feudalismo e o poder econômico e político do Clero. Os poemas que, inicialmente, eram criados em torno dos castelos feudais, eram produzidos por poetas – chamados de Trovadores – e músicos com o intuito de serem cantados, acompanhados de instrumentos de corda e de sopro.

Por serem cantadas, diferentemente da escrita, a poesia trovadoresca era de tradição popular e menos “trabalhadas”, e apresentava simplicidade nos temas e nas formas. Nos temas eram divididas em dois grupos: Cantigas Líricas, que por sua vez dividiam-se em Cantigas de Amor e Cantigas de Amigo; e Cantigas Satíricas.

Saindo do séc. XII para o XXI, após reiteradas reflexões filosóficas, concluímos: o trovadorismo está presente em nossos dias atuais de duas formas: na presença e na ausência de dois aspectos – forma e temática – em um estilo musical relativamente novo, criado nos subúrbios da Bahia e que se espalhou por todo o Nordeste brasileiro. Estamos falando da Swingueira.

Esse estilo musical caracteriza-se, principalmente, pela forma simples (para não dizer pobre, quer dizer, paupérrima). A simplicidade da forma lembra, ainda que bem de longe, as formas de algumas Cantigas  que  contém uma série de versos em que um se repete (refrão) ao final de cada estrofe. Exemplo:

Ondas do mar de Vigo,
se vistes meu amigo!
E ai, Deus!, se verrá cedo!

Ondas do mar levado,
se vistes meu amado!
E ai Deus!, se verrá cedo!

Se vistes meu amigo,
o por que eu sospiro!
E ai Deus!, se verrá cedo!

Se vistes meu amado,
por que hei gran cuidado!
E ai Deus!, se verrá cedo!







                                                                                         FONTE: http://trovadorismoturma20.blogspot.com/2009/08/poesia-trovadoresca.html

 
É certo que toda música tem refrão, ou pelo menos a maioria, mas a Swingueira “valoriza” tanto o refrão que em raros casos ele não é predominante. Exemplo:

Tá Tudo Enfiado  

Composição: Mário Brasil

 

Tem mulher que usa "p"
Tem mulher que usa "m"
Tem mulher que usa "g"
E a outra é "gg"

A perigueti anda com um fio só
Todo enfiado, todo enfiado, todo enfiado
Todo enfiado, todo enfiado, todo enfiado
Todo enfiado, todo enfiado, todo enfiado
Todo enfiado, todo enfiado, todo enfiado
Todo enfiado, todo enfiado, todo enfiado

Ela chega no pagode
Chamando atenção
Com um tomara que caia
E o celular na mão                                               
As mulheres do pacote
Tá com o bichão no chão
As mulheres do pacote
Tão com o bichão no chão
Mas essa mina tá com o fio só
(FONTE:http://letras.terra.com.br/o-troco/1543650/)

 
 FONTE: http://faisqueiraemacao.blogspot.com/2011/04/presa-nas-ferragens-jaque-pede-ajuda-na.html


Antes de prosseguirmos, pedimos perdão pelo péssimo exemplo exposto, mas foi colocado para efeito de comprovação argumentativa. Percebe-se, até mesmo com um olhar ou  um ouvido menos atento, a predominância de uma parte (todo enfiado) nisso que alguns chamam de música, para não dizer que toda  ela se resume a essa parte. Essa repetição, diferente do que ocorre nas Cantigas trovadorescas, não é uma estratégia poética, mas sim resultado de uma total falta de criatividade e, diga-se de passagem, bom-senso.

Outro aspecto marcante dessa poesia medieval é a temática do Amor Cortês. Eram características desse amor: a paixão desmedida, o desejo do poeta e o desespero diante da impossibilidade da união com a mulher amada. AMADA! Aos olhos do amante – no sentido de aquele que ama, e não o atualmente conhecido como Ricardão – a mulher desejada é a mais bela e perfeita de todas as mulheres, mas era espacialmente inatingível ou socialmente inacessível, pois geralmente ela era casada ou prometida a um poderoso senhor feudal. Havia uma valorização suprema da “Dama” e uma sujeição a ela; uma típica relação feudal de vassalagem.

Hoje, com a disseminação de certos estilos musicais, em especial a Swingueira, essa ideia de amor inexiste. E o pior: subjugam as mulheres, transformam-nas em meros objetos de satisfação sexual. E o que é pior ainda: muitas mulheres (pelo menos seres do sexo feminino...) ouvindo e dançando esse tipo de música! Não propomos aqui um retorno do Amor Cortês que era irrealizável. O que defendemos é o retorno da valorização da mulher; que ela possa novamente ser vista, aos olhos dos homens, principalmente dos maridos e namorados, como a mais bela e perfeita das mulheres. Quanto a elas, que não deem o “cabimento” de serem tidas como objetos descartáveis, úteis apenas para a satisfação de um desejo sexual momentâneo, e não admitam a alcunha de Perigueti, expressão que, curiosamente, também é uma criação baiana.

Ao que parece, estamos retroagindo em nossa produção cultural. E o resultado desse retrocesso certamente não nos levará ao primitismo literário propriamente dito. Chegaremos a anterioridade disso. Não só no que se refere à Literatura ou à Música, mas também ao comportamento humano.  Não estranhemos se em alguns poucos anos começarmos a ver pelas ruas mulheres sendo arrastadas pelo cabelo ao som de "mexe o balaio, mexe o balaio..."

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Literatura e Sociedade

Literatura está intimamente relacionada com práticas sociais. Nesse sentido, propomos uma gama de correlações entre as diversas manifestações literárias e a sociedade contemporânea. Assim, buscaremos no espaço social elementos que interajam diretamente com a arte literária.

Dessa forma, este blog objetiva analisar e expor elementos da realidade social, fazendo um contra ponto com a literatura e seus modos de encarar a realidade e a cultura das diversas épocas da sociedade. 

Esperamos de você leitor a interação e a sugestão de novos temas, a discordância ou a concordância com as críticas aqui relacionadas, tendo em vista que pensar em Literatura não é apenas propor teorias literárias, mas sim promover a crítica à sociedade, tentando encontrar elementos que sejam favoraveis ou não à nossa formação enquanto leitores e apreciadores de leitura e cultura. Assim, este espaço é destinado aos professores de Língua Portuguesa e Literaturas, graduandos de Letras, alunos  do nível médio e ao público que  gosta de uma leitura crítica acerca dos assuntos que envolvam a sociedade.

Boas leituras! 


 
FONTE: http://www.grandesmensagens.com.br/frases-de-livros.html