Literatura está intimamente relacionada com práticas sociais. Nesse sentido, propomos uma gama de correlações entre as diversas manifestações literárias e a sociedade contemporânea. Assim, buscaremos no espaço social elementos que interajam diretamente com a arte literária.

Dessa forma, este blog objetiva analisar e expor elementos da realidade social, fazendo um contra ponto com a literatura e seus modos de encarar a realidade e a cultura das diversas épocas da sociedade.

Esperamos de você leitor a interação e a sugestão de novos temas, a discordância ou a concordância com as críticas aqui relacionadas, tendo em vista que pensar em Literatura não é apenas propor teorias literárias, mas sim promover a crítica à sociedade, tentando encontrar elementos que sejam favoraveis ou não à nossa formação enquanto leitores e apreciadores de leitura e cultura. Assim, este espaço é destinado aos professores de Língua Portuguesa e Literaturas, graduandos de Letras, alunos do nível médio e ao público que gosta de uma leitura crítica acerca dos assuntos que envolvam a sociedade.

Boas leituras!

domingo, 13 de novembro de 2011

O amor ...



É difícil para os indecisos.
É assustador para os medrosos.
Avassalador para os apaixonados!
Mas, os vencedores no amor são os
fortes.
Os que sabem o que querem e querem o que têm!
Sonhar um sonho a dois,
e nunca desistir da busca de ser feliz,
é para poucos!!



Cecília Meireles

sábado, 12 de novembro de 2011

UMA MAÇÃ NO PARAÍSO

Depois da aula, o Menino sai correndo para casa. Ele não percebe a paisagem sem vida e tampouco a junção dos animais com os homens que o cerca. Sua ansiedade de chegar é mais veloz que seus pequenos pés descalços e sujos. Assim, adentra o casebre e grita:
 – Mãeeeeeee!
– O que foi minino? Estou aqui, no quintal, lavano as roupa da patroa.
Em passos lentos, o Menino vai ao encontro de sua mãe, demonstrando um semblante triste e vazio. Sua mãe preocupada, questiona-o:
– Que cara é essa? Que bicho te mordeu, hem?
– Sabe mãe... É triste! A gente trabalha, trabalha e trabalha. Cria um bocado de coisas legais e depois morre. Ah! Como é triste essa vida.
A mãe não compreende o que seu filho falou, senti-se confusa com a resposta, mas curiosa continua a perguntar.
 – Oxe! Tu tá falano sobre o que mesmo, hem? Desembuche logo, apois se foi outra briga com o minino do cumpadre Zé.... Amanhã mermo vou na escola falar com sua professora. Num tem cabimento uma história dessa!
A mãe irritada prossegue, dando-lhe uma lição de moral.
– Meu fio, aqui em casa só tu estuda. Eu sei que tu é bom aluno, tira dez em tudo, então, pare de brigar! Veja seus irmão mais veio, eles tudinho trabaiam aqui no aterro, ninguém briga com eles, nem por um pedaço de biscoito morfado. Deixe de coisa, vá pra escola ser gente, estude pra nos ajudar e num invente de brigar outra vez, entendeu?   – a mãe se virou e continuou a lavar as roupas.
O pequeno Menino permaneceu parado e atônito, logo deu conta de que sua mãe não compreendeu o seu pensamento. Impulsivamente, tentou explicar o mal-entendido.
– Mãe, não aconteceu nada. Não houve briga na escola, deixa eu explicar, o que aconteceu foi o seguinte: hoje, a professora falou que um homem, não lembro mais o nome, muito inteligente, que gostava de trabalhar muito, morreu de câncer. Ele criou muitas coisas massa, tipo: o computador pessoal, iPod, iPhone, mouse, netbook, Imacs, essas coisas tecnológicas. Ah! Criou também uma empresa que tem um símbolo de uma maçã.
A mãe do Menino parou de lavar as roupas, desligou a torneira, virou-se para o filho, secou as mãos no avental e, perplexa com a conversa do filho, pôs a mão úmida na no canto da boca e disse:
– Agora que deu mermo, num entendi foi nada! Que palavriado é esse? Vixemaria! É tão difícil que nem sei falar, acho que até nunca vi esses negócio de tecnológico.
Nesse momento, o irmão mais velho do Menino, chega na moradia e vai até o quintal, onde encontra sua mãe e seu irmão conversando. E sorridente, chama a atenção de todos para mostrar o que havia catado no lixo.
– Gente, olha o que eu achei! Meu irmão, eu trouxe pra você, espero que goste.
O garoto saiu correndo para ver o que o irmão lhe trouxera. Ficou espantado ao perceber que se tratava de “uma coisa tecnológica”. Ao tomar o objeto em suas mãos, o Menino exclamou:
– Nooooossa! Isto é um tablet! Obrigada.
O Menino agora está alegre e cuidadosamente observa cada detalhe do seu novo brinquedo, mas percebe algo estranho e comenta para o seu irmão.
 – Este tablet não funciona, está quebrado e não serve para nada. Bem que minha professora falou: o cara desenvolveu o avanço tecnológico, retirou a tecnologia das grandes empresas e colocou a serviço de todos, em especial das pessoas comuns... Que pena! Ele morreu e não deu tempo de levar a sua tecnologia para aqueles que não a possui e ainda vive abaixo da miséria.

Produzida por Mirlene Coutinho

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

INFORMATIZAR NEM SEMPRE É A SOLUÇÃO

Um Prefeito de uma cidadezinha bem pequena do interior do Rio Grande do Norte, cujo nome deve ser preservado, decidiu informatizar todos os setores da prefeitura, a fim de dinamizar o trabalho e agilizar digitalização de documentos feitos ainda de maneira lenta por apenas um computador em seu gabinete. Diante disso, ligou para seu assessor parlamentar, no interior popularmente conhecido como “babão do prefeito”, mas que tinha cargo de confiança e resolvia todas as pendências da prefeitura, e disse:
― Sebastião, eu preciso do seu comparecimento urgente em meu gabinete, venha sem mais demoras, precisamos conversar.
― Combinado, Sr. Prefeito. Afirmou Sebastião todo empolgado para ver qual seria a nova atividade, já que nesses pequenos interiores quase nunca aparece o que fazer.
Sebastião chega ao gabinete do Prefeito todo empolgado, vestindo calça e camisa social bem engomadinhas e presas por um cinto no alto da cintura, além de calçar sapatos impecavelmente engraxados como de costume para se apresentar ao prefeito e diz:
― Eis-me aqui, Sr. Prefeito, pronto para realizar mais uma atividade em prol dos valores e da população de nosso município. Em que posso ser útil?
― Sebastião, você sabe que o mundo tem se informatizado e o avanço tecnológico tomou conta rapidamente de todas as esferas sociais. Sabe também que prezo muito pelo crescimento econômico, social e moral do nosso município e que desejo ser reconhecido como o melhor prefeito que essa cidade já teve. Então, andei cá pensando com meus botões, temos de promover a informatização de nossa prefeitura para melhorar nosso serviço e melhor atender nossos cidadãos.
Sebastião, sentado, olhando para o Prefeito apenas balançava a cabeça com os olhos brilhando, ouvindo todo aquele discurso quase a ponto de bater palmas.
― E o que vamos fazer para informatizar nossa prefeitura, Sr. Prefeito, uma vez que não sabemos mexer com computador e a maior parte dos funcionários tem mais de quarenta anos e alguns, por exemplo, tem uns problemas de visão terríveis que duvido conseguirem mexer nesse tal nesse treco? Indagou Sebastião, preocupado com o que poderia ocorrer.
― Não interessa, Sebastião, que eles aprendam na marra ou não aprendam, pouco importa. Quero que você convoque todos os funcionários da prefeitura para fazerem o Curso de  Capacitação: Novas tecnologias, aprenda a facilitar sua vida e se conecte com o mundo. Gostou do título do curso? Já entrei em contato com um professor da UFRN para ministrar as aulas. Quero que você organize uma sala bem confortável, com ar condicionado, cafezinho e chame o pessoal. Diga que ninguém pode perder esse curso. Depois tire as fotos e mande revelar para colocar no mural da prefeitura. Isso pode dar votos na próxima eleição. Entendeu Sebastião? Ande homem, a aula será amanhã!!!
Sebastião convocou todos os funcionários da prefeitura e disse que ninguém podia faltar. No dia da aula, todos estavam presentes. Dona Maricotinha, que faltava um ano para se aposentar; Dona Neuza, que já não escutava bem e era responsável pela recepção; Senhor Adolfo, que cuidava da portaria; Dona Cristina, Dona Maria, Dona Joana, Lourdes e outras senhoras e senhores, que nunca tinham tido contato com computadores e até mesmo com internet, pois quem fazia a maior parte dos documentos era a secretária do Prefeito no computador do gabinete.
A aula começou, todos pareciam meio ofegantes e curiosos para saber como mexia em uma máquina tão interessante, cara e que quase ninguém na cidade possuía. O professor João iniciou a discussão.
― Vivemos em um mundo globalizado, onde as mídias são o diferencial para um bom crescimento intelectual e saber utilizá-las é o que  venho propor para vocês hoje. –  Disse ele em um tom professoral.
A aula avançou e a turma se remexia nas cadeiras sem entender nada, mas prestava atenção e cochichava freneticamente para descobrirem sozinhos do que se tratava cada nome citado e como se fazia para acessar a internet. Lá pelas tantas, Donas Neuza, toda envergonhada, pede para Dona Maricotinha perguntar ao professor algo, e ela não hesita:
― Prossor, diz aí pra mim o que significa esse “diabo”, “diabo”, “diabo”, que o sinhor tanto fala que faz entrar na internet?
O professor,  meio sem compreender o que ela havia perguntado, deu uma resposta que complicou ainda mais, porém Dona Maricotinha ficou quieta e fingiu que havia entendido para não atrapalhar a aula. Enfim, o curso terminou e Dona Neuza, junto com Dona Maricotinha chegaram para o professor João, que estava desmontando todo o equipamento da aula, e disseram:
― Prossor, o sinhor respondeu, mai eu num intendi nada. Cê pudia repetir o que é o “diabo”, “diabo”, “diabo” que faz entrar na internet? Purque sinão eu num vou saber mexer nesse troço de jeito maneira.
O professor, meio sem palavras e percebendo que seu curso não tinha adiantado de nada, tentou remediar explicando novamente, mas era impossível. Elas não entenderiam, pois não tinham aproximação com esse tipo de equipamento. No outro dia, Sebastião chegou para o Prefeito e disse:
― O curso foi um sucesso, Sr. Prefeito! Pode mandar equipar a prefeitura e não esqueça que eu quero o meu computador para acessar através do “diabo”, “diabo”, “diabo” a internet. Dizem que é o maior sucesso, quero fazer meu Orkut e também o Twitter. Dizem que dá para falar com todo mundo, aaadoooorei...

Produzida por Conceição Cavalcanti

CRÔNICA




A Crônica é um gênero narrativo. Esse gênero é publicado em jornais e revistas, destina-se à leitura diária ou semanal, tratando sempre de assuntos do cotidiano. Assim, esse tipo de texto encarrega-se de narrar fatos históricos ou da atualidade cronologicamente ordenados.
Diferente da notícia, a crônica visa analisar os fatos cotidianos, dando um colorido emocional a uma situação comum, vista de modo singular e por outro ângulo.
Dessa forma, a crônica é voltada para um leitor mais atento aos fatos urbanos e faz com que o cronista dê maior importância aos assuntos do mundo contemporâneo.

Características do gênero Crônica
A crônica é um texto narrativo que:
  • É, em geral, curto;
  • Trata de assuntos e problemas do cotidiano;
  • Traz as pessoas comuns como personagens, sem nome ou com nomes genéricos. As personagens não têm aprofundamento psicológico; são apresentadas em traços rápidos;
  •  É organizado em torno de um único núcleo, um único problema;
  • Tem como objetivo envolver, emocionar o leitor.

Aplicando a teoria... Dicas de atividades

Escolha crônicas para serem lidas e discutidas em sala com os alunos. Divida a turma em pequenos grupos e peça para que leiam, listem os temas, discutam e exponham o que acharem mais pertinemte no texto lido.

Atividade criativa

1. Após a aplicação do conteúdo, a leitura e discussão das crônicas, peça para que os alunos, individualmente, criem uma crônica que contenha alguma das variedades linguísticas.
2. Depois de corrigir os textos e discutir os erros, buscando possíveis soluções, peça a reescrita da crônica.
3. Após a reescrita, proporcione a leitura das crônicas produzidas em uma roda de leitura.


Boas Leituras!